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HotBeatJazz 10′ Series – Charlie Parker – 10’LP Dial 203 (1947)

O ano de 1947 foi de intensa atividade para Parker, muitas apresentações em clubes e o início das atividades de seu quinteto com Miles Davis. O volume 3 da Dial traz este combo em três datas do final de 47, realizadas em 28 de outubro, 4 de novembro e 17 de dezembro. O quinteto som sua formção clássica: Parker, Miles Davis no trompete, Duke Jordan ao piano, Tommy Potter no contrabaixo e Max Roach na bateria. Na sessão de dezembro o grupo foi acrescido do trombonista J. J. Johnson. Todas as gravações aconteceram em NYC, no W.O.R. Studios.

 

No dia 28 de outubro gravaram: Dexterity, paráfrase de I Got Rhythm; Dewey Square, um tema original de Bird; Bird Of Paradise, paráfrase de All The Things You Are; e Embraceable You, de George Gershwin.

 

Em 4 de novembro foi a vez da belíssima balada Don’t Blame Me e Scrapple From The Apple, paráfrase de Honeysuckle Rose, de Fats Waller.

 

Da sessão em sexteto com J. J. Johnson gravada em 17 de dezembro, o LP traz Quasimodo, paráfrase de Embraceable You, de Gershwin.

 

Miles Davis (tp) Charlie Parker (as) Duke Jordan (p) Tommy Potter (b) Max Roach (d) J. J. Johnson** (tb)
WOR Studios, NYC, October 28, 1947
WOR Studios, NYC, November 4, 1947*
WOR Studios, NYC, December 17, 1947**
1- Don’t Blame Me*
2- Dexterity
3- Bird Of Paradise
4- Bongo Bop
5- Embraceable You
6- Dewey Square
7- Quasimodo**
8- Scrapple From The Apple*

http://ouo.io/dLcyOW

 

HotBeatJazz 10′ Series – Charlie Parker – 10’LP Dial 202 (1947)

Após seis meses de internação no Camarillo State Hospital, em janeiro de 1947 Parker deixa o tratamento e grava de imediato duas sessões para a Dial, nos dias 19 e 26 de fevereiro. Na primeira data ele é acompanhado por uma seção rítmica ortodoxa, ainda firmemente plantada no swing, com Erroll Garner ao piano, Red Callender no contrabaixo e Doc West na bateria. O cantor Earl Coleman participa em dua faixas: This Is Always, de Harry Warren e Mack Gordon e Dark Shadows, um blues de 32 compassos, com uma bridge, em formato aaba. Na sessão de 26 de fevereiro Parker lidera um hepteto com Howard McGhee no trompete, Wardell Gray no sax tenor, Dodo Marmarosa no piano, Barney Kessel na guitarra, Red Callender no contrabaixo e Don Lamond na bateria. Gravam quatro faixas, três originais de Howard McGhee: Cheers, Carvin’ The Bird e Stupendous, uma paráfrase para S’Wonderful de George Gershwin; e a composição de Parker, Relaxin’ At Camarillo, um blues em doze compassos.

 

Sobre os fatos acontecidos no período, o escriba se cala e dá voz á quem, de fato, é mestre no assunto. Limito-me a reproduzir o que escreveram os competentes pesquisadores e amigos Pedro Cardoso e Luis Carlos Antunes, em seu trabalho “Charlie Parker – Glória Musical, Abismo Pessoal”. Agradeço de antemão aos autores pela cessão dos originais, que em muito enriquecem este blog.

 

“No final de janeiro Parker foi liberado do Camarillo State Hospital, sob a custódia de Ross Russell (proprietário da Dial Records) e passa a viver com Doris Sydnor em apartamento no centro de Los Angeles. Ross Russell e Chan Richardson trocam cartas, movimentam-se com suas influências e conseguem trabalho para Parker.
Nos domingos 02, 09 e 16 de fevereiro Parker atuou no “Billy Berg’s”, com Erroll Garner, Red Callender e “Doc” West. Em 19/02 (4ª feira), Parker retorna ao C. P. MacGregor Studios, gravando para a Dial Records.
Em 01/março Parker integra-se ao quinteto de Howard McGhee para a abertura do “Hi-de-Ho Club” (onde Dean Benedetti inicia suas furtivas gravações dos solos de Parker).
Em 07/abril Parker e Doris mudam-se para o Hotel Dewey Square em New York.
Parker monta o quinteto com Miles Davis e inicia os ensaios na residência de Teddy Reig, Diretor de Gravação da Savoy Record (parte dos ensaios é feita na casa do baterista Max Roach, no Brooklyn).
Em 05/maio Parker participa da primeira das seis apresentações noturnas das segundas-feiras do “JATP” (Jazz At The Philharmonic) de Norman Granz, no Carnegie Hall.
Em 10/maio o nome de Parker aparece em letras “garrafais” no cartaz do “Smalls’ Paradise” (Harlem) que anuncia mais uma “Blue Monday Jazz Concert”.
Em 31/maio e com Dizzy Gillespie, Parker participa no “Town Hall” do “Salute To Negro Veterans” (homenagem aos negros veteranos da guerra).
Na 6ª feira, 18/julho Parker em quinteto inaugura o “New Bali” de Washington, onde se apresenta durante duas semanas.
De 07 a 20/agosto é a vez do “Three Deuces” programar temporada de Parker.
De 11 a 23/novembro o quinteto de Parker apresenta-se no “Argyle Lounge” de Chicago, em 29 desse mês toca no “Town Hall” (New York), de 02 a 06/dezembro é a atração do “Downbeat” da Philadelphia e de 19/dezembro até 01/01/1948 realiza temporada no “El Sino” em Detroit.”

 

Os demais dois volumes serão postados amanhã e no domingo próximo, dia em que Charlie Parker completaria 90 anos de seu nascimento.

 

Charlie Parker (as) Erroll Garner (p) Red Callender (b) Doc West (d) Earl Coleman (vo)
C.P. MacGregor Studios, Hollywood, CA, February 19, 1947

 

Howard McGhee (tp) Charlie Parker (as) Wardell Gray (ts) Dodo Marmarosa (p) Barney Kessel (g) Red Callender (b) Don Lamond (d)
C.P. MacGregor Studios, Hollywood, CA, February 26, 1947(*)

 

1- Relaxin’ At Camarillo*
2- Cheers*
3- Carvin’ The Bird*
4- Stupendous*
5- Cool Blues
6- Dark Shadows
7- Hot Blues
8- This Is Always
9- Bird’s Nest

http://ouo.io/yKyZLu

 

HotBeatJazz 10′ Series – Charlie Parker – 10’LP Dial 201

O mundo do jazz celebra neste mês de agôsto de 2010 os noventa anos de nascimento do mais influente músico desta forma de arte, Charlie “Bird” Parker. Em 29 de agôsto de 1920, nascia em Kansas City, em uma modestíssima família, um homem que iria transformar a mais importante forma de arte norte-americana. O pequeno Charlie cresceu andando descalço, pisando as ruas empoeiradas de um subúrbio pobre de Kansas City, com seu único brinquedo, um flautim, presente de sua mãe ao tímido e desengonçado menino que iria mais tarde ser apelidado de “Bird”. E assim “Bird” passava seus dias, de forma autodidata aprendendo os fundamentos de sua pequena flauta.

 

Kansas City era um local em que o blues estava por toda parte, e já nos anos 30 era reconhecida como um celeiro de grandes saxofonistas, que se degladiavam nas noites de fins de semana em antológicas batalhas de saxofone. Também era onde algumas das mais importantes orquestras do swing tinham sua base, notadamente a de Bennie Motten, e pouco depois, a de Count Basie. O adolescente Charlie acalentava o sonho de tocar com a banda de Baise, ao lado do seu grande ídolo do saxofone tenor, Lester Young. Quando Basie e Young começaram uma duradoura e fantástica associação, Parker tinha 16 anos de idade e já tocava em algumas bandas locais ao lado de Harlan Leonard e Lawrencw Keyes. Gostava de ouvir a pianista Mary Lou Williamson e sua admitida primeira influência no sax alto, Buster Smith. Ele tocou sax barítono antes de mudar para o alto e aos 19 anos sentia-se seguro o suficiente para tentar a vida por conta própria na capital mundial do jazz, New York. A vida não foi fácil para o jovem músico que já naquela época soava de modo bastante estranho dos demais. Parker arranjou um emprego de lavador de pratos em um clube do Harlen pela única possibilidade de ouvir o pianista da casa, o grande Art Tatum. Alguns meses depois estava de volta a Kansas City onde foi contratado pelo pianista e band leader Jay McShann e com ele voltaria a NYC. Grava, pela primeira vez em estúdio, em 9 de agôsto de 1940, as faixas Jumping At The Woodside e I Got Rhythm, como integrante da banda, na verdade um noneto com forte enfoque no blues. Em 30 de abril de 1941, em Dallas, no Texas, gravaria mais três músicas: Swingmatism, Hootie Blues e Dexter Blues. Em 2 de julho de 1942, em NYC, faz sua última sessão de gravação com a orquestra de McShann, quatro faixas: Lonely Boy Blues, Get Me On Your Mind, The Jumpin’ Blues e Sepian Bounce.

 

É então contratado pelo pianista Earl Hines para ocupar uma cadeira no naipe de saxofones de sua fantástica orquestra, que contava também com o trompetista Dizzy Gillespie, parceiro de “Bird” nas jams sessions que aconteciam no clube Minton’s Playhouse. Foi lá que, juntamente com o pianista da casa, Thelonious Monk; o guitarrista da banda de Benny Goodman, Charlie Christian; Dizzy; e alguns veteranos como os saxofonistas tenor Don Byas e Coleman Hawkins; Parker se tornaria figura de proa no desenvolvimento de uma nova sintaxe no jazz, uma nova maneira de se explorar as melodias e, principalmente, as harmonias de antigas canções do repertório popular. Dedica-se de corpo e alma a pesquisar uma nova forma de abordagem do material até então utilizado como matéria-prima do jazz. Ele mesmo conta sua aventura: “Uma tarde, trabalhando em cima de Cherokee, percebi que, se utilizasse intervalos maiores e os modulasse convenientemente, poderia finalmente reproduzir o que escutava dentro de mim mesmo.” Estava iniciada a revolução. Todo um repertório da era do swing, já desgastado e batido, iria mudar. Os solistas passariam a ter um número maior de possibilidades para improvisar. A harmonia estava ampliada. O jazz nunca mais seria o mesmo.

 

Ao mesmo tempo ele havia se tornado um virtuose, sua técnica era impressionante, e logo seria uma referência entre os músicos, Parker era agora o músico dos músicos. Faz curtas passagens pelas orquestras de Noble Sissle, Cootie Williams, Andy Kirk e na grande orquestra bebop do cantor e trombonista Billy Eckstine. Começa a gravar para o pequeno sêlo Savoy, primeiramente como sideman, no quinteto do guitarrista Tiny Grimes; ao lado de Gillespie e Don Byas no grupo do pianista Clyde Hart; e, em fevereiro de 1945, grava três faixas no sexteto de Gillespie, consideradas as primeiras gravações de bebop em pequeno combo. São na verdade aproximações do que seria o verdadeiro bebop, pois as seções rítmicas ainda eram formadas por músicos mais ligados às tradições do swing. São desta data: Groovin’ High, All The Things You Are e Dizzy Atmosphere. Em 11 de maio, ainda com Gillespie: Salt Peanuts, Shaw ‘Nuff, Hot House, e acompanha a novata cantora Sarah Vaughan em Lover Man. Em 6 de junho grava, com Dizzy, no sexteto do vibrafonista Red Norvo quatro faixas para o sêlo Dial. Em 4 de setembro grava com pianista Sir Charles Thompson, ao lado do jovem tenorista da Califórnia Dexter Gordon e músicos veteranos do swing como o trompetista Buck Clayton. Em 26 de novembro grava a primeira sessão em seu nome para a Savoy, ao seu lado estão: Miles Davis, o pianista Sadik Hakim, Dizzy Gillespie atuando no piano e trompete, o contrabaixista Curly Russell e o baterista Max Roach. Esta é a verdadeira primeira gravação de Bird exclusivamente bebop, com temas de sua autoria, seguindo sua nova fórmula de compôr, construindo paráfrases em cima das harmonias de standards já largamente conhecidos, o que confere a elas sabor e melodias novas, deixando as músicas que originaram suas composições praticamente irreconhecíveis. São desta data: Warming Up A Riff, os blues Billie’s Bounce e Now’s The Time, Thriving On A Riff, Meandering, e sua criação em cima da antiga e fundamental Cherokee, Ko-Ko.

 

No final de 45, ele e Dizzy são contratados para uma temporada na Califórnia, que revelaria-se catastrófica. Parker está, cada vez mais, entregue as bebidas e as drogas pesadas, a adição à heroína era um fato com que ele já lidava desde seus 15 anos de idade. Seu comportamento revela-se errático, nunca se sabe se ele irá ou não comparecer para tocar. O responsável Dizzy contorna o problema chamando às pressas de NYC o vibrafonista Milt Jackson, ele poderá reforçar a linha de frente do grupo na ausência de Parker e, quando da presença deste, tornar a seção rítmica mais poderosa.

 

Chegamos então às sessões de gravação reunidas neste primeiro 10 polegadas da gravadora Dial, duas datas realizadas na Califórnia, nos dias 28 de março e 29 de julho de 1946. Na primeira data ele lidera um hepteto formado por: Miles Davis no trompete, Lucky Thompson no sax tenor, Dodo Marmarosa no piano, Arvin Garrison na guitarra, Vic McMillan no contrabaixo e Roy Porter na bateria. Gravam A Night In Tunisia, de Dizzy Gillespie; Yardbird Suite, paráfrase de Parker sobre a harmonia de uma antiga canção popular chamada What Price Love; Moose The Mooche, construída sobre I Got Rhythm de George Gershwin; e Ornithology, paráfrase de How High The Moon.

 

A sessão de 29 de julho foi dramática, Parker está muito doente e debilitado pelo abuso de álcool e heroína. O baterista Roy Porter, conta que após o primeiro take, quando gravou Max Making Wax, de Oscar Pettiford, Bird precisou ser amparado para manter-se de pé e conseguir gravar os três temas restantes. O que vemos a seguir é uma versão perturbada e languriante da balada Lover Man, um angustiante discurso musical, um verdadeiro pedido de socorro de um ser-humano perdido. O mesmo acontece na outra balada, The Gypsy. Parker mesmo em seus momentos vacilantes não deixa de produzir uma música soberba, plena de emoção e de verdade. Ainda reúne suas últimas energias para gravar Bebop, de Dizzy Gillespie. Necessário destacar a belíssima participação do trompetista Howard McGhee em toda a turbulenta seção.

 

Após a gravação Parker foi para o hotel, colocou fôgo no quarto e saiu gritando nú pelo saguão. Foi internado na clínica de recuperação de dependentes em Camarillo. Depois….é assunto para a próxima postagem.
Miles Davis (tp) Charlie Parker (as) Lucky Thompson (ts) Dodo Marmarosa (p) Arvin Garrison (g) Vic McMillan (b) Roy Porter (d)
Radio Recorders, Hollywood, CA, March 28, 1946

 

Howard McGhee (tp) Charlie Parker (as) Jimmy Bunn (p) Bob Kesterson (b) Roy Porter (d)
C.P. MacGregor Studios, Hollywood, CA, July 29, 1946*

 

1- Night In Tunisia
2- Yardbird Suite
3- Moose The Mooche
4- Ornithology
5- Loverman*
6- The Gypsy*
7- Bebop*
8- Max (is) Making Wax*

 

http://ouo.io/2c5Woj

 

HotBeatJazz 10′ Series – Clifford Brown Ensemble – Featuring Zoot Sims PJLP-19 (1954)

A curta carreira fonográfica de Clifford Brown teve momentos únicos e inusitados quando de sua estada na Califórnia em 1954. Brownnie já havia gravado em variados formatos: quarteto, em sua tournê pela França, como integrante da orquestra de Lionel Hampton em 53, ocasião em que também gravou com uma orquestra de tamanho médio os arranjos de seu colega de naipe Quincy Jones; sexteto com Gigi Gryce e como integrante do grupo do trombonista J.J. Johnson na famosa sessão para a Blue Note; quinteto com Lou Donaldson, em junho do mesmo ano, quando fez sua estréia como líder em uma sessão de gravação. Mas em 1954, enquanto estava na costa oeste com o famoso quinteto co-liderado por ele e Max Roach, Clifford teve o privilégio de gravar composições suas e alguns standards com os arranjos de Jack Montrose em um hepteto. Ele dividiu a linha de frente com o saxofonista Zoot Sims ao tenor e uma seção rítmica que causava sensação: o pianista Russ Freeman, os contrabaixistas Joe Mondragon e Carson Smith, e o baterista Shelly Manne. Completando o grupo estavam o jovem baritonista Bob Gordon e o trombonista Stu Williamson.

 

Clifford Brown Ensemble traz o trompetista em um conceito ímpar em toda sua discografia, os arranjos elaborados e sutis de Montrose vestem a execução brilhante e portentosa de Brownnie de uma delicadeza não habitual em seus outros registros, com exceção, talvez, a seu álbum acompanhado por naipe de cordas. É interessante apreciar uma outra concepção para temas que nos habituamos a ouvir com o seu quinteto com Max Roach, de orientação nítidamente hardbop, como os temas originais de Clifford: Daahoud e Joy Spring. Tiny Capers e Bones For Jones foram as outras composições de Clifford executadas pelo ensemble. Finders Keepers era um clássico das jams sessions da west-coast, um tema sempre lembrado pelos músicos da Califórnia em estúdios e em apresentações ao vivo. Gone With The Wind e Blueberry Hill são os standards apresentados com os especiais arranjos de Montrose.

 

Há que se destacar a habitual qualidade da performance do tenorista Zoot Sims, um músico de características excepcionais, tanto na sonoridade como no discurso, sempre produzido em frases longas e de extrema beleza melódica. o sax barítono de Bob Gordon tem um lugar de destaque nos ensembles, sendo o responsável principal pelos contrapontos, tão costumeiros nos arranjos de Montrose e no west-coast sound em geral.

 

Clifford Brown Ensemble é um ítem único na discografia deste trompetista que foi, talvez, o mais influente no jazz moderno ao lado de Dizzy Gillespie. Clifford Brown morreria dois anos depois em um dramático acidente automobilístico que também vitimaria o pianista de seu quinteto, Richie Powell. Clifford tinha apenas 26 na fatídica data e deixou um legado que influencia músicos até hoje.

 

Clifford Brown (tp) Stu Williamson (vtb, tp) Zoot Sims (ts) Bob Gordon (bars) Russ Freeman (p) Joe Mondragon (b) Shelly Manne (d) Jack Montrose (arr)
Capitol Studios, Melrose Avenue, Los Angeles, CA, July 12, 1954

 

*Clifford Brown (tp) Stu Williamson (vtb, tp) Zoot Sims (ts) Bob Gordon (bars) Russ Freeman (p) Carson Smith (b) Shelly Manne (d) Jack Montrose (arr)
Capitol Studios, Melrose Avenue, Los Angeles, CA, August 13, 1954

 

1- Daahoud
2- Finders Keepers
3- Joy Spring
4- Gone With the Wind*
5- Bones for Jones*
6- Blueberry Hill*
7- Tiny Capers*
 

HotBeatJazz 10′ Series – Chet Baker – Ensemble PJLP-9 (1953)

O ano de 1953 seria muito importante na carreira do trompetista Chet Baker. Após ter sido catapultado ao sucesso imediato como integrante do quarteto de Gerry Mulligan no ano anterior, Chet partiria para uma carreira independente, organizando um quarteto com o pianista Russ Freeman. Com a criação do Ten-Tette, por Gerry Mulligan, em janeiro de 53, Baker realizaria a última gravação com o quarteto do baritonista em maio daquele ano, partindo para vôos mais ambiciosos que culminariam com a gravação de seu álbum a frente de um hepteto com arranjos de Jack Montrose em dezembro do mesmo ano.

 

Em Chet Baker Ensemble, o trompetista aparece acompanhado por alguns dos mais importantes e talentosos músicos do west-coast jazz. Baker estava tocando de forma mais expansiva do que habitualmente acontecia no quarteto de Mulligan, soando com intenso brilho, em contraposição ao toque contido e lírico que se tornaria sua marca pessoal. O pianista Russ Freeman, o contrabaixista Joe Mondragon e o baterista Shelly Manne formavam a seção rítmica mais poderosa da Califórnia, com incontáveis participações em estúdios e em apresentações ao vivo. O naipe de saxes trazia o compositor e arranjador de todos os temas do álbum, Jack Montrose ao tenor, Herb Geller ao tenor nos ensembles e ao alto nos solos e o inseparável amigo de Montrose, Bob Gordon no sax barítono. Montrose assume um papel de relevante importância no resultado final do trabalho, com arranjos de qualidade superior, conferindo a música produzida a beleza e o espírito típicos do jazz praticado na costa oeste naqueles tempos. Compondo e arranjando, de forma igualmente hábil, temas rápidos e suingantes e baladas de caráter lírico e introspectivo, o jovem músico de apenas 25 anos na data das gravações, dava início a sua brilhante carreira como um dos mais importantes arranjadores da west-coast, onde a concorrência era severa entre os melhores: Bill Russo, Shorty Rogers, Gerry Mulligan, Russ Freeman, Johnny Mandell, Bob Cooper, Lennie Niehaus, Bill Holman, André Previn, entre outros.

 

Chet Baker Ensemble é um dos mais brilhantes momentos da carreira deste ícone, que se tornaria um dos principais nomes do trompete no jazz

 

 

Chet Baker (tp) Herb Geller (as, ts) Jack Montrose (ts) Bob Gordon (bars) Russ Freeman (p) Joe Mondragon (b) Shelly Manne (d)
Capitol Studios, Melrose Avenue, Los Angeles, CA, December 14, 1953
Capitol Studios, Melrose Avenue, Los Angeles, CA, December 22, 1953*

 

1- Bockhanal
2- Ergo
3- Moonlight Becomes You*
4- Headline
5- A Dandy Line
6- Little Old Lady*
7- Goodbye*
8- Pro Defunctus*

http://ouo.io/GQ5lcJ

 

HotBeatJazz 10′ Series – Zoot Sims – Swingin’ with Zoot Sims PRLP 117 (1951)

John Haley “Zoot” Sims nasceu em Inglewood, Califórnia, em 29 de outubro de 1929, em uma família de artistas do teatro vaudeville. Ainda criança aprendeu a tocar bateria e clarinete com o apoio dos pais. Na adolescência seria profundamente influenciado por Lester Young, do qual extraiu a forma de tocar o saxofone de uma maneira mais relaxada e lírica, o timbre macio e aveludado, e o discurso musical caracterizado por longas e interligadas frases. Durante a década de 40 a influência do bebop e, principalmente, de Charlie Parker vieram a se incorporar em sua música. Seria longo e enfadonho enumerar todos os artistas com os quais tocou ao longo de sua carreira, foi um dos mais atuantes saxofonistas do jazz, com uma extensa e brilhante discografia. Despertou a atenção dos críticos e ouvintes quando se incorporou a orquestra de Woody Herman, vindo a integrar o mais famoso naipe de saxofones da história do jazz, os “Four Brothers”, ao lado de Stan Getz, Herbbie Stewart e Serge Chaloff.

 

Nos anos 50, Sims teve uma profícua associação com o saxofonista Al Cohn em um quinteto co-liderado por ambos. Gerry Mulligan também foi um parceiro habitual, tendo Zoot atuado em várias formações encabeçadas pelo baritonista. Zoot foi um típico integrante da geração beat e sua apreciação pelas bebidas, drogas e vida boêmia, um fardo que carregou por boa parte de sua vida e lhe deixaria com uma saúde precária que lhe extinguiria a vida aos 59 anos de idade, em 23 de março de 1985.

 

Em 14 de agôsto de 1951, Zoot entrava em estúdio para gravar para a Prestige, em um sessão que entraria para a história do jazz como a primeira em que um músico improvisaria longamente despreocupado com o tempo de duração da faixa, fato possível com o surgimento do formato LP, fruto do desenvolvimento da tecnologia do microsulco pela RCA. Zoot liderava um quarteto formado por Harry Biss ao piano, Clyde Lombardi ao contrabaixo e Art Blakey na bateria.

 

Após Zoot gravar dois temas, um deles lançado no LP, East of the Sun, ele foi instado a gravar uma livre improvisação sobre um blues que estava tocando como forma de relaxar. Os doze primeiros compassos foram cronometrados, então, o engenheiro de áudio lhe informou de que teria espaço para improvisar por 12 choruses. O resultado seria “Zoot Swings The Blues”, um blues de 12 compassos em tonalidade maior excecutado com um andamento rápido e impregnado de swing por Blakey e Sims. Em East of the Sun, Zoot esbanja sua categoria em um longo improviso repleto de beleza melódica e com a sonoridade que fez de Zoot Sims um dos mais belos sons de sax tenor do jazz. Foram testemunhas deste momento histórico Gerry Mulligan, o pianista George Wallington e o contrabaixista Red Mitchell, que estavam, naquele 14 de agôsto, no estúdio Apex em Nova Iorque, juntamente com mais alguns convidados, entre eles o crítico e escritor especializado em jazz Ira Gitler, responsável pelas notas de contracapa, onde conta a história do jazz sendo feita a olhos vistos.

 

PS: como bônus, a versão curta de Swingin’ The Blues, gravada para ser lançada em 78 r.p.m.

 

 

Zoot Sims (ts) Harry Biss (p) Clyde Lombardi (b) Art Blakey (d)
NYC, August 14, 1951

 

1- East Of The Sun (West Of The Moon)
2- Zoot Swings The Blues
3- Swingin’ The Blues

http://ouo.io/baRrN5

 

HotBeatJazz 10′ Series – Gerry Mulligan And His Ten-Tette – Capitol H439 (1953)

O baritonista, arranjador e compositor Gerry Mulligan foi alçado a repentino sucesso de crítica e público em 1952, após montar seu pianoless quartet do qual fazia parte o trompetista Chet Baker. Sendo já uma referência entres os músicos, que apreciavam a extrema categoria e qualidade de sua escrita, Mulligan foi com este quarteto apreciado e ovacionado pelo público americano e, posteriormente, mundial. O quarteto pode evidenciar a qualidade de instrumentista de Muligan como saxofonista, porém o arranjo e a composição eram as principais atividades a que ele próprio se dedicava. Já havia escrito para orquestras, para o noneto de Miles Davis em 49-50, montado uma big band, e iniciado sua carreira como líder em 1951, gravando para a Prestige. Após o ano de 1952 ter sido praticamente dedicado a seu quarteto, Mulligan iniciava 1953 com o projeto de um grupo de tamanho médio, 10 músicos, excecutando suas composições e arranjos, algumas delas já gravadas com o quarteto. A este combo foi dado o nome de Ten-Tette.

 

Para tanto Mulligan recrutou parte da nata dos músicos estabelecidos na Califórnia, quase todos com importantes passagens pelas orquestras de Stan Kenton e Woody Herman, os maiores celeiros de solistas do west-coast jazz. A instrumentação era original: 2 trompetes, 1 trombone de válvulas, 1 french-horn, 1 tuba, 1 sax alto, 1 sax barítono, contrabaixo, bateria, e Mulligan atuando hora no sax barítono ou no piano. Pela primeira vez Mulligan se apresentava em gravação atuando ao piano, este que fora seu primeiro instrumento e no qual ele se mostrava muito competente, revelando fortes traços da influência de Duke Ellignton, fato posteriormente admitido pelo próprio Mulligan. Seus arranjos são cheios de luz e suavidade, com os músicos atuando com evidente empenho na execução de suas partituras, e sua música, apesar de altamente organizada e arranjada, dava amplos espaços para os solistas do grupo.
Estas oito faixas foram produzidas por Gene Norman e gravadas nos suntuosos estúdios da Capitol, na Melrose Avenue, em Hollywood. Dividas em duas sessões de gravação ocorridas em 29 e 31 de janeiro de 1953, com o mesmo grupo de músicos, à exceçao do baterista – Chico Hamilton no dia 29 e Larry Bunker no dia 31. Vale destacar as atuações excepcionais dos trompetistas Chet Baker e Pete Candoli, assim como do saxofonista alto Bud Shank, e um novo arranjo para Rocker, anteriormente gravada com o noneto de Miles Davis. O standard Takin’ A Chance On Love tem um arranjo absolutamente original. Walkin’ Shoes, que já havia sido gravada com o quarteto, ganha novas cores e personalidade, e se tornaria um clássico no repertório de Mulligan. Todas as cinco composições restantes trazem a marca de gênio deste verdadeiro gigante do jazz.

 

Chet Baker, Pete Candoli (tp) Bob Enevoldsen (vtb) John Graas (frh) Ray Siegel (tu) Bud Shank (as) Don Davidson (bars) Gerry Mulligan (bars, p) Joe Mondragon (b) Chico Hamilton (d) Larry Bunker (d) *
Capitol Studios, Melrose Avenue, Los Angeles, CA, January 29, 1953
Capitol Studios, Melrose Avenue, Los Angeles, CA, January 31, 1953*

 

1- Taking A Chance On Love*
2- Rocker
3- Ontet*
4- Flash*
5- Simbah*
6- A Ballad
7- Westwood Walk
8- Walkin’ Shoes

 

 

HotBeatJazz 10′ Series – Bob Gordon – Moods In Jazz TP-26 (1953)

A história do jazz é pontuada por grandes momentos, onde artistas de categoria maior nos deixaram incontáveis realizações, que perduram por décadas, garantindo o deleite dos apreciadores do gênero. Mas esta mesma história tem incontáveis momentos de tragédia, com artistas de categoria superlativa nos deixando de forma violenta e precoce, quando somente iniciavam suas carreiras de maneira vigorosa e promissora, deixando uma profunda saudade e lacuna de tamanho imensurável. Foi assim com Bix Beiderbeke, Clifford Brown, Scott LaFaro, Eric Dolphy, o mestre maior Charlie Parker, e outros tantos artistas, entre eles, o baritonista Bob Gordon.

 

Bob nasceu em St. Louis, Missouri, em 11 de junho de 1928. Capturado pela música ainda na adolescência, tornou-se um músico talentoso de forma precoce, aos 18 anos já tocava seu sax barítono na banda de Shorty Sherock. De 1948 à 1951 foi integrante da orquestra de Alvino Rey e em 1952 entrou para a grande orquestra de Billy May. Mudou-se para a California e lá tornaria-se um requisitado sidemen para músicos da estatura de Shelly Manne, Maynard Ferguson, Chet Baker, Clifford Brown, Shorty Rogers, Tal Farlow e Stan Kenton. Foi um parceiro musical inseparável do saxofonista, compositor e arranjador Jack Montrose, que fala da seguinte forma sobre Bob Gordon: “Para mim, Bob Gordon foi muito mais do que uma inspiração, ele era a minha outra metade musical, e juntos, formávamos um todo. Nossa parceria não está terminada, entretanto, sua contribuição está indelévelmente impressa em minha alma, e cabe a mim a tarefa de dar continuidade a ela. Nos entendíamos e nos admirávamos completamente. Sou um homem de sorte por ter amado e sido amado por alguém como Bob Gordon. Penso que o companheirismo e resultado artístico que experimentamos era de uma natureza tal que não é comumente atingido. Sou um afortunado e um homem melhor por ter conhecido e amado a alguém como Bob Gordon”.

 

Bob Gordon faleceu aos 27 anos de idade, vítima de um acidente automobilístico, quando se dirigia para San Diego para uma apresentação ao lado do amigo Pete Rugolo. Deixou dois álbuns como líder e incontáveis participações como sidemen em gravações.

 

Moods in Jazz” foi seu primeiro trabalho como chefe de combo. Bob dividiu a linha de frente de um quinteto com o excelente trombonista Herbie Harper. Uma seção rítmica um tanto obscura completava o quinteto: Maury Dell ao piano; Don Prell ao contrabaixo e George Redman à bateria. O repertório é dividido entre três temas de andamento lento, com destaque para Babete, de Mary Dell; e Slow Mood, composição de Eddie Miller. Moer Blues, Sonny Boy e Just George, são temas de andamento altamente suingante, onde se pode perceber o talento incomum do trombonista Herbie Harper.

 

Moods in Jazz” é um dos raros momentos como líder deste mestre do sax barítono, de carreira efêmera porém definitiva na memória dos apreciadores do bom e imorredouro jazz.

 

Bob Gordon (bs); Herbie Harper (tb); Maury Dell (p); Don Prell (b); George Redman (d)
California, december 1953

 

1 – Babette
2 – Moer Blues
3 – Sonny Boy
4 – Slow Mood
5 – Slow
6 – Just George

 

 

HotBeatJazz 10′ Series – Bill Holman – Kenton Presents Jazz 10’LP H6500 (1954)

O saxofonista, compositor e arranjador Bill Holman é um dos mais conceituados e celebrados expoentes do west-coast jazz. Nascido em 21 de maio de 1927, Holman foi contratado como saxofonista por Stan Kenton em 1951, e rápidamente seus talentos de compositor e arranjador foram percebidos pelo maestro. Sua habilidade e capacidade de produzir arranjos recheados de dissonâncias e contrapontos o conduziram ao cargo de principal arranjador da orquestra durante a década de 50. Seu trabalho neste campo atinge o ápice no álbum Contemporary Concepts. Continuou a escrever para a orquestra durante os anos 60 e 70, embora também cuidasse de seu próprio combo. Holman também contribuiu para os books das orquestras de Woody Herman, Doc Severinsen, Buddy Rich, Terry Gibbs, Count Basie, e a Gerry Mulligan’s Concert Jazz Band.

 

Seu primeiro álbum como líder foi produzido dentro da série Kenton Presents Jazz, da gravadora Capitol em 1954. Dois octetos interpretaram as composições e arranjos de Hollman, que também atuou como saxofonista tenor, em três sessões de gravação, acontecidas entre 4 de maio e 2 de agôsto daquele ano. Um música leve, alegre, com arranjos muito bem concebidos, dava a exatada dimensão da sonoridade do jazz produzido na Califórnia dos anos 50. Se o som da west-coast perdia em groove e pulso para o jazz feito na costa leste, sem nenhuma dúvida enriquecia-se com os arranjos sofisticados e complexos idealizados por seus muitos arranjadores, como: Bill, Shorty Rogers, Jack Montrose, André Previn, e um grande número de outros excelentes arranjadores fixados na Califórnia, muito em virtude do imenso campo de trabalho que os estúdios de cinema e televisão proporcionavam.

 

Bill Holman, montou sua própria orquestra em 1975 e escreveu para os mais diversos gêneros musicais durante toda sua longeva carreira. Está hoje com 83 anos de idade e ainda atuante.

 

Bill Holman (ts), Bob Gordon (bs), Herb Geller (as); Don Fagerquist (tp); Stu Williamson, Bob Enevoldsen (tb); Curtis Counce (b); Stan Levey (d).
Recorded May 4, 1954, Hollywood, CA
Recorded May 12, 1954, Hollywood, CA*

 

Bill Holman (ts), Bob Gordon (bs), Herb Geller (as), Stu Williamson, Nick Travis (tp); Stu Williamson, Bob Enevoldsen (tb); Max Bennett (b); Stan Levey (d).
Recorded August 2, 1954, Hollywood, CA**

 

1- On The Town*
2- Locomotion**
3- Jughaid**
4- Back To Minors*
5- Sparkle
6- Tanglefoot
7- Song Without Words
8- Awfully Busy

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HotBeatJazz 10′ Series – King Cole – Lester Young – Red Callender Trio – 10’LP AL 705 (1942)

Após apreciarmos Stan Getz, nada melhor do que ir beber direto à fonte, trazendo o saxofonista tenor Lester Young em uma de suas sessões de maior êxito, tanto do ponto de vista artístico quanto de sucesso junto ao público. Em 1942, a apenas 15 dias do início da greve declarada pelo sindicato dos músicos, suspendendo as gravações em estúdios, Lester Young gravou quatro faixas para a gravadora Aladdin, lançadas em 78 rpm, ao lado do fenomenal pianista Nat King Cole e do explêndido contrabaixista Red Callender.

Cada músico escolheu um tema de sua preferência. Nat King Cole trouxe a imortal Body And Soul, Red Callender escolheu e teve lugar de destaque em Tea For Two. Lester Young fez um registro definitivo de I Can’t Get Started, e os três em conjunto decidiram pela inclusão de Indiana no repertório.

Lester e Nat tinham um entrosamento total, dois superlativos mestres do swing que influenciaram inúmeros músicos no jazz. Perceba em Indiana, a influência de Nat no toque de Oscar Peterson, principalmente na forma de acentuação dos tempos com a mão esquerda. Lester Young realizou na pequena gravadora Aladdin suas mais importantes gravações na carreira, sendo estas faixas exemplo do que de melhor houve no período do swing. Quatro temas gravados por três mestres que entraram para a história do jazz. De 1942 para a eternidade!

PS: Estas faixas foram lançadas em formato CD em: Lester Young – The Complete Aladdin Recordings

Lester Young (ts) Nat King Cole (p) Red Callender (b)
LA July 15, 1942

 

1- Body And Soul
2- Tea For Two
3- I Can’t Get Started
4- Indiana